Friday 18 February 2011

Entre Dias


-O que me inspira, transpira da minha alma. O que me aspira, expurga a minha alça (embora não use calças).
Se for assim que se passa, nem sei o que fazer
quando a alma não é pequena como aquela traça
que me aborrece todas as noites em que espero
aquilo que me inspira.
Aquele Salsa que transpira pela rua abaixo.
Sem que lhe dê atenção, continuo a ouvir os discos da minha Avó.
- são da Amália. De quem mais poderiam ser.


Assim disse eu ao Dias, que me perguntou algo que já esqueci.


Wednesday 9 February 2011

Lagoa do Caimão


2 Gansos, 2 Patos,
22 Peixes, 22 Vacas,
Fetos e afectos,
Linguas serpenteadas no chão.
222 pegadas de Vaca,
21 bostas de Vaca,
2 passáros não identificados,
Uma em duas linhas de folhas de feto.
Lamento o corte.
Centopeando pelas linguas serpenteadas ao longo
da costa frontal do Pico da Lagoa do Capitão,
aquele jogador que nunca chegou.

Cobras almiscaradas pela ronda de 826 metros,
flutuam discretamente sem serem vistas,
mergulhando nas nuvens do reflexo do lago,
aguardam o seu capitão,
que irá chegar montado num camaleão amestrado.


Rola a pistola na Rua 21


Nascido eu em campos longínquos!
Era uma folha verde e esverdeada,
como todas as outras folhas eu ia ficar
castanha e acastanhada.

Pensei eu ao ser enrolada
que melhores sabores por aí vinham!

Ao ser enrolada
de folha pendurada
que enrolado fui e fiquei,
tornei-me papel bruto.
Deixei de ser folha e passei a ser
seco e enrolado,
passei a ser embrulho enxuto.

Raios que já era um cigarro!

Quando dei por mim
senti aquele fogo
pensei feito folha
que feito cigarro
que era folêgo de vida
aquele toque de alquimista.
Quando quê!?
Porra, já estava a ser fumado,
feito ser inalado.

Fui em fumo por entre
seres castanhos e olhares estranhos
um ser nefasto foi aquilo que me tornei
não por mim
mas por quem eu odiei!
Naquele momento em que pensei
que era o fôlego que tanto almejei!

Hei!

O que resta de mim
está neste buraco.
Foi na rua garrett
que eu assim vivi.
Feito cigarro amachucado!


Oh pobre de mim, que nem felicidade trago,
àqueles que dou gosto amargo.
Ah!, mas resta-me a felicidade, que em breve
vou ser reciclado.



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Tuesday 1 February 2011

Sessão Onírica, onde se debate a realidade distante.

1ª Pergunta –
Onde estamos?
Resposta –
Estamos na terra vermelha, entre a costa sul e o expoente este, de lá vê-se a costa norte virada a oeste, mas inacessível devido à falta de estrume.

2ª Pergunta –
De onde viemos?
Resposta –
Não se sabe, mas segundo testemunhos perdidos, viemos do espaço num casulo incandescente que falhou a sua trajectória, esta falha fez com que a substancia mucosa originária de vida fermentasse demasiado, alterando a codificação do gene.

3ª Pergunta –
Para onde vamos?
Resposta –
Também não se sabe, mas devido ao excesso de fermentação e consequente alteração do genoma humano, todo o caminho está entregue ao acaso, dirigido pela volatilidade de temperaturas, tanto gélidas como excessivamente quentes, criando picos ou estagnações no desenvolvimento do ser humano, o que por sua vez dá origem a uma não coerência na estruturação.

4ª Pergunta –
Qual o nosso propósito?
Resposta –
Aparentemente não há propósito, mas existe uma constante tentativa de criar ou engendrar um propósito universal, já que sem propósito não há razão de intenção. Esses mesmos propósitos fictícios são de uma variedade infinita, desde razões económicas, ecológicas, alcoólicas, etc.
Dito isto através do sistema de pergunta-resposta, fica-se sem saber realmente o que passou entre o tempo do começo e o tempo futuro do fim